SAÚDE MENTAL, UMA TEMÁTICA EM SEGUNDO PLANO ENTRE UNIVERSITÁRIOS?
Abstract
A universidade é um espaço que deve promover o desenvolvimento pessoal e profissional do individuo. e o ingresso na graduação pode representar, para muitos, a transição da adolescência para vida adulta, fase em que é necessário lidar com mudanças sociais, fisiológicas e emocionais, o que demanda do jovem responsabilidade, adaptação e autonomia. Este processo pode gerar um desgaste emocional que corrobora para o adoecimento psíquico. No entanto, é importante destacar que esta experiência é subjetiva, cada indivíduo elabora e vivencia esta etapa de maneira distinta. Deste modo, devido ao grande número de universitários vítimas do adoecimento psíquico nos últimos anos, este trabalho tem como objetivo verificar o quanto os universitários priorizam sua saúde mental e se consideram esta demanda como algo importante para seu desempenho acadêmico. Para conseguir dados sobre o objeto relizou-se entrevista com a psicóloga da instituição campo da pesquisa e também aplicado um questionário eletrônico elaborado no Google Forms para os alunos dos cursos de Direito, Psicologia e Engenharia Civil da mesma instituição. Durante a entrevista realizada com a psicóloga da instituição ela comentou que a maior demanda trazida pelos universitários refere-se à ansiedade e esse número é crescente no período de provas, devido à pressão, insegurança ou até pelo fato de questões emocionais serem agravadas nesse período. Dentre os participantes do formulário, 11,7% responderam que são diagnosticados com o Transtorno de Ansiedade Generalizada. Uma porcentagem que chamou atenção refere-se ao fato de que 6,7% dos participantes descrevem sua saúde mental como muito abalada, 45% Abalada, 38,3% Boa e 10% descrevem como muito boa. Além destes números, 61,7% responderam que acredita que a saúde mental afeta bastante o desempenho acadêmico, 26,7% responderam que afeta pouco e 11,7% diz não afetar. No entanto, somente 23,3% dos participantes responderam que fazem tratamento para a saúde mental. Este comportamento pode estar relacionado a falta de acesso devido a fatores financeiros ou até mesmo à resistência em assumir a necessidade de um apoio psicológico, devido a uma questão social que aborda isso como fraqueza e estes preconceitos podem fazer com que a graduação seja um agravante do adoecimento psíquico para muitos. Outro fator que merece destaque está relacionado ao fato de que 61,7% dos participantes disseram que a faculdade não aborda temas relacionados a saúde mental, porém 73,3% dizem já ter ouvido falar sobre o Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAP). No entanto, somente 8,3% responderam que já foram atendidos pelo NAP. Essa contradição nos números evidencia que o fato da faculdade fornecer apoio psicopedagógico não é suficiente para que os alunos sintam-se acolhidos quando se fala de saúde mental. Durante a entrevista realizada com a psicóloga ela comentou que notou uma melhora na busca de ajuda por parte dos universitários, no entanto ainda se observa certa resistência, o que pode estar relacionado à falta de amadurecimento emocional das pessoas para que consigam identificar disfuncionalidades em suas emoções e pedir ajuda antes que a situação se agrave. Outro fator que contribui para a resistência dos universitários em pedir ajuda, refere-se ao fato de que o NAP fornece apoio psicopedagógico e não psicoterápico, o que torna restrito esse acesso e dificulta esse apoio emocional, pois o ser humano precisa ser olhado e entendido como um todo, sua história de vida, seus desejos, sonhos, limitações e suas experiências subjetivas, mesmo no âmbito acadêmico. Isto posto considerando que os dados coletados demonstram que a saúde mental afeta diretamente o desenvolvimento acadêmico, cabe a instituição conhecer, intervir e falar abertamente sobre esse tema com os universitários a fim de facilitar este processo de adaptação e combater os estigmas em torno deste tema.
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