A INCLUSÃO ESCOLAR DE UMA ALUNA COM DEFICIÊNCIA VISUAL PROGRESSIVA: PROBLEMATIZANDO AS PRÁTICAS E RECURSOS PEDAGÓGICOS

Resumo

Este artigo aborda o processo de inclusão escolar de uma aluna do 5º ano do ensino fundamental, com deficiência visual, que, em 2016, por complicações da toxoplasmose, estava ficando cega. Discutem-se práticas pedagógicas desenvolvidas pela professora da classe comum e pela professora especialista da sala de recursos multifuncionais (SRM) frequentadas pela estudante, na rede pública de ensino de um município sul-mato-grossense. Optou-se pela abordagem qualitativa e estudo de caso. Para a coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas gravadas, realizadas com as técnicas responsáveis pelo setor da Educação Especial das redes municipal e estadual de ensino e as duas professoras da aluna, bem como realizaram-se observações sistemáticas e não participantes na sala comum e na SRM. Os resultados indicaram que não eram disponibilizados recursos e estratégias didático-pedagógicos que permitissem à aluna com deficiência visual acesso aos conteúdos curriculares e participação nas atividades na classe comum. Na SRM, a professora especialista desenvolvia atividades de orientação e mobilidade, bem como recorria a materiais específicos e à tecnologia assistiva focadas nas necessidades da estudante. Todavia, esse trabalho acabava comprometido, porque, diante da ausência de apoios na classe comum, o contraturno acabava servindo, também, para reforço escolar. Percebe-se, assim, que ainda coexistem práticas excludentes, no interior da escola dita inclusiva, em que pesem os limites do caso apresentado. Por fim, são indicadas algumas possibilidades para o trabalho docente, com vistas à promoção da acessibilidade dos estudantes com deficiência visual ao ensino comum.